Vão-se acumulando os indicadores científicos reveadores dos nexos entre a
mente e o organismo humano. Desta feita, novas avaliações
clínicas publicadas este mês no jornal Stroke, da
Associação Americana do Coração, apontam para
efeitos benéficos, obtidos pela prática meditação, e
a redução dos riscos de ataques cardíacos e da
aterosclerose.
Trata-se do primeiro estudo controlado que sugere
uma redução do stress e da ateroesclerose sem a
introdução de alterações na dieta ou no exercício físico.
Esta investigação foi conduzida por especialistas da UCLA, Charles Drew University e do College of Maharishi
Vedic Medicine, do Iowa.
O estudo foi patrocinado pelo Instituto Nacional
do Sangue, Pulmões e Coração e decorreu na Drew
University e incidiu, em particular, em pacientes cardíacos
de risco afro-americanos. Sessenta indivíduos, de ambos
os sexos, foram alvo de um programa de estudo ao longo
de sete meses, delineado com base na prática da meditação
transcendental, enquanto um outro grupo de educação de
saúde serviu de controlo da experiência.
Os resultados mostraram, por exemplo, que os
sujeitos praticantes do programa de meditação tiveram
uma diminuição de 0.098 mm na espessura das paredes
das artérias, ao passo que os elementos do grupo de
controlo sofreram um aumento de 0.054 mm. Com base em análises
clínicas precedentes, um diminuição de 0.1 mm na
espessura das artérias corresponderia, em geral, a um
decréscimo de 11% no risco de ataque cardíaco e entre
7,7% e 15% do risco de apoplexia.
Estes dados, registados pelo grupo praticante da
meditação TM, foram considerados comparáveis aos
obtidos por uma medicação de redução dos lípidos e
aos programas de modificação intensiva dos hábitos de
vida. Para a responsável do estudo, Amparo Castillo-
Richmond, “as doenças cardiovasculares estão
associadas ao stress psicológico. Investigações prévias
concluiram que a prática da meditação transcendental
diminuis os factores de risco de ataque, incluindo a
hipertensão, os lípidos oxidados e o stress hormonal,
determinantes da doença e morte dos afro-americanos e
população em geral”.
A equipa que conduziu esta investigação
concluiu que o estado de total tranquilidade, obtido
durante a prática da meditação, pode ter desencadeado
os mecanismos de sauto-reparação do organismo e levado
à regressão da aterosclerose. Por isso, os
investigadores clínicos antecipam que a indução
destes estados modificados de consciência pode
revestir-se de grande interesse preventivo e terapêutico. Novos estudos de continuidade vão prosseguir, durante os próximos meses, na Drew University, com suporte institucional, nomeamente do inovador Centro Nacional para as Medicinas Alternativas e Complementares, dos EUA.
* Docente e investigador universitário
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